Dr. Rui Ribeiro – Cirurgia da obesidade e diabetes

Psicologia

Um corpo, muitos contornos

O corpo tem um papel preponderante no nosso bem-estar físico e psicológico.

Quando esse bem-estar é ameaçado, o corpo desarmoniza-se, perde o equilibro, surge a doença e com ela as angústias, o olhar para nós e para o outro na procura, na busca de apoio, ajuda, solução.

O peso a mais traduz tudo isto.

O olhar para um corpo cujos contornos não se reconhece, não se identifica como sendo seu, que não se quer mais, quase se rejeita e com ele sentimentos de isolamento, discriminação, frustração, dificuldades afectivas, sexuais, problemas sociais, entre outros.

Surge a necessidade de mudar, porque: “se fizeres o que sempre fizeste, obterás o que sempre obtiveste”. Anónimo

E nessa busca, a cirurgia da obesidade surge como um passo para a mudança, como um início de nova jornada, e com ela toda uma equipa multidisciplinar em que a preocupação central é considerar a experiência pessoal e particular de cada um enquanto obeso, auxiliar e acompanhar no seu processo de transformação.

Ajudar a consciencializar que neste processo não se vai manter passivo, esperando ser emagrecido, tendo de assumir responsabilidades como um agente activo, sempre.

Assim, no período pré-operatório a orientação, informação, preparação a respeito da cirurgia, conhecer hábitos, como se sente e relaciona com o peso, o que o motiva, o que espera dela, como a família se posiciona face à sua escolha, são tudo questões colocadas.

Com a cirurgia, a mudança instala-se, alterações importantes surgem na vida de cada um, na relação consigo próprio, com os outros e com o Mundo.

O emagrecimento, a mudança da imagem corporal, a melhoria da auto-estima, a adopção de novos hábitos, a aceitação de um novo modo de vida.

Toda a transformação requer o seu tempo de integração e de adaptação, até porque a velocidade a que o corpo emagrece nem sempre é acompanhada pela mente.

Revela-se aqui importante a continuidade do acompanhamento psicológico, que servirá como facilitador para que se encontre um novo equilíbrio, o mais rápido possível, e com ele abre-se também a oportunidade de se tratar outros aspectos, outras questões que a obesidade até então escondia, ocultava, encobria.

Surge assim uma nova harmonia num corpo com novos contornos e um novo “Eu”.

Luisa Maria Ribeiro

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